
.png)

Microplásticos
O que são Microplásticos?
Os microplasticos são partículas minúsculas de plásticos menores que 5 milímetros. São considerados um dos principais poluentes ambientais, sendo os causadores dessa poluição itens de uso cotidiano do ser humano que se degradam nessas partículas. Com os descartes inadequados e o agravante da poluição ambiental, os microplásticos estão presentes em diversos lugares, desde oceanos e rios à água de torneira e engarrafada, no ar, e até nas fezes humanas, devido a ingestão de alimentos contaminados por microplásticos, como peixes, frutos do mar e entre outros. Estudos apontam que há concentrações no ar, em ambientes terrestres, água doce e marinha, água de torneira e engarrafada, no mel, na cerveja, nos frutos do mar e em peixes e, devido a ingestão, nas fezes humanas.

Classificação dos microplásticos. Fonte: Adaptado de Revista Pesquisa FAPESP
Rotas de Exposição
As maiores fontes de microplásticos que poluem os oceanos são: tecidos sintéticos, pneus, poluição urbana, produtos de beleza e higiene pessoal e tintas de cascos de navio. O grande desafio do microplástico é que devido ao seu tamanho ele dificilmente é filtrado pela rede de tratamento de esgoto e, consequentemente, é liberado nas águas doces e marinhas. Existem muitas formas de se gerar o microplástico. O simples atrito da roupa a base de poliéster, pode ser suficiente para liberar fibras desse tipo de plástico no ar e também na máquina de lavar. Produtos de beleza e higiene também contribuem para a contaminação uma vez que esses produtos podem ser feitos com partículas de polietileno que, após o uso, caem diretamente na rede de esgoto e não é filtrado corretamente.
Os microplásticos podem chegar na nossa dieta através dos peixes e frutos do mar que são contaminados a todo momento com essas partículas, sendo não apenas um problema para os animais marinhos como também para os humanos.

Rotas de expósição aos microplásticos. Fonte: Adaptado de Revista Pesquisa FAPESP
Efeitos na saúde
Os microplásticos têm grande potencial para alterar a biota e o ecossistema oceânico do nosso planeta como um todo. Além dos efeitos físicos, como a possível obstrução do trato digestivo de organismos menores, as partículas de plástico podem conter diversos desreguladores endócrinos, como a classe dos ftalatos e bisfenol e o triclosan. A dispersão dos microplásticos pode levar ao aumento da concentração desses desreguladores no meio ambiente e é difícil calcular o dano gerado.
Outro perigo para a saúde humana e ambiental é o enriquecimento de bactérias patogênicas na microflora intestinal quando ingeridas por determinadas espécies marinhas. Microplásticos podem fornecer o ambiente ideal para bactérias e patógenos resistentes a antibióticos se desenvolverem. Isso porque, durante esse processo, as partículas de plástico permitem a formação de uma camada pegajosa, chamada “biofilme”, que permite que os microrganismos patogênicos e resíduos de antibióticos grudem na superfície e se misturem.
Microplásticos na placenta
Um estudo realizado em mulheres grávidas saudáveis, publicado na revista Environment International, encontrou evidências de microplástico em placentas humanas pela primeira vez. Segundo a pesquisa, foram encontrados fragmentos de microplásticos pigmentados medindo entre 0,005 mm à 0,01 mm cada, em 4 das 6 placentas que foram analisadas. Durante a pesquisa, foi coletado apenas uma pequena porção de cada uma das placentas, e microplásticos foram encontrados em todas as porções placentárias, tanto nas membranas maternas quanto fetais. Isso sugere que a concentração dos fragmentos de microplásticos nas placentas pode ser maior do que a encontrada. A presença de microplásticos na placenta é um cenário preocupante, uma vez que é um órgão que facilita a troca de nutrientes e substâncias da mãe para o bebê e que o período gestacional é crucial para o desenvolvimento de um bebê saúdavel. Interferências nesse período inicial da vida por corpos estranhos podem se tornar um problema a curto ou longo prazo, futuramente ou não. Esse cenário se torna ainda mais preocupante ao levar em conta que os microplásticos, devido ao tamanho bastante reduzido, acabam se acumulando no organismo e são difíceis de serem eliminados, além da possibilidade de possuírem substâncias químicas desreguladoras endócrinas. O estudo ainda é recente e não se sabe exatamente quais consequências podem trazer durante ou após a gestação, sendo necessário, portanto, que novas pesquisas sejam realizadas.
Como evitar
Os microplásticos estão por toda parte. No entanto, é possível ao menos evitar o seu contato:
• Reduzir o uso do plástico, evitando itens supérfluos como: canudos, glitter, copos descartáveis e sacolas;
• Evitar o uso de roupas de poliéster;
• Zerar o consumo de alimentos armazenados em recipientes de plástico;
• Não comprar cosméticos com esfoliantes sintéticos, substituindo por receitas naturais;
• Descartar corretamente qualquer tipo de plástico utilizado;
• Reciclar, reutilizar e reaproveitar.
Referências:

-
Silva PRMR, Silva M. 2019. Iinfluência dos microplásticos sobre populações bacterianas: uma revisão da literatura. CONAPESC.
-
Nishida E. 2021. Microplásticos são o ambiente ideal para bactérias resistentes a antibióticos. Uol. Disponível em: https://gizmodo.uol.com.br/microplastico-ambiente-ideal-bacterias-patogenos/
-
Revista Crescer, Globo. Artigo baseado: Ragusa, A. et al. Plasticenta: Primeira evidência de microplásticos na placenta humana. Environment International, 2021.
-
eCycle. Microplástico: um dos principais poluentes dos oceanos. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/1267-microplastico.html