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Agrotóxicos

O Que são Agrotóxicos?

  Os agrotóxicos são moléculas sintetizadas para afetar reações bioquímicas de insetos, microrganismos, animais e plantas para sua eliminação ou controle com objetivo de aumentar a produtividade agrícola. Eles possuem ação desreguladora endócrina mesmo em pequenas doses pois possuem capacidade de alterar o funcionamento do sistema endócrino, simulando ou bloqueando os efeitos dos hormônios naturalmente produzidos pelo organismo. Esses compostos podem ser classificados como substâncias sintéticas utilizadas na agricultura como subprodutos, que geralmente persistem no ambiente devido às suas propriedades físico-químicas, se acumulando no solo e nos sedimentos sendo transportadas facilmente para outras regiões pela atmosfera, podendo gerar bioacumulação ao longo do ecossistema e da cadeia alimentar animal.

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Marco regulatório dos agrotóxicos 2019. Fonte: Anvisa 

Classes

  Esses compostos podem ser classificados de várias maneiras, como por exemplo, a natureza do alvo combatido, grupo químico e toxicidade, sendo a seguinte forma a mais comum:

  • Inseticidas -  subdividida em:​​​

    • Organoclorados - exemplo: Aldrin e DDT. 

    • Piretróides - exemplo: Deltametrina e Fenvalerato. 

    • Organofosforados - exemplo: Metamidofós e Esfenvalerato.

    • Carbamatos - exemplo: Aldicarb e Carbaril. 

  • Fungicidas - exemplo: Mancozeb, Merpan;

  • Herbicidas - exemplo: Round-up, Glifosato.

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Estrutura química do Glifosato.

Agrotóxicos mais comercializado no Brasil 

   Dentre esses citados, Esfenvalerato, Mancozeb, Deltametrina e Metamidofós, possuem os maiores indícios de interação com o sistema endócrino.

Eles Fazem Mal à Minha Saúde?

  Estudos dos impactos da exposição a agrotóxicos sobre a saúde humana no Brasil têm avaliado principalmente efeitos neurocomportamentais, devido ao uso dos organofosforados, associada à sua alta toxicidade e a seu mecanismo de ação clássico de inibição da acetilcolinesterase, enzima responsável pela degradação do neurotransmissor acetilcolina (ACh) nas sinapses nervosas e com isso a comunicação entre neurônios fica desregulada. 

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  Foi realizado também um estudo onde agricultores foram submetidos a testes de audiometria de alta frequência (eficaz na detecção precoce da perda auditiva), e os resultados obtidos demonstraram que os trabalhadores expostos a agrotóxicos tiveram resultados piores nos testes de Audiometria de Alta Frequência em comparação com aqueles que não tiveram contato com agrotóxicos.

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  Outros estudos revelaram ainda que os agrotóxicos podem afetar o sistema reprodutivo masculino de animais e o desenvolvimento fetal, após exposição uterina. As alterações reprodutivas observadas pela exposição durante o período gestacional, são de restrição de crescimento intrauterino e malformações fetais e no sistema reprodutor masculino, diminuição ou espermatozóides com dano genético.

Além disso, foi observado que estados com maior volume de vendas de agrotóxicos apresentam maiores taxas de mortalidade por câncer de mama, ovário e próstata, assim como elevadas taxas de realização de espermogramas e hospitalização por câncer de testículo.

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O DDT

   A substância mais estudada no aspecto de desregulação endócrina é o DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) e seus metabólitos DDD e DDE, foi o primeiro produto químico artificial a ser descoberto com ação estrogênica e pesquisas mostram que eles podem alterar o metabolismo dos hormônios sexuais, reduzindo a testosterona disponível nos tecidos, e levando a feminização na vida selvagem. A principal via de exposição humana ao DDT e aos seus metabolitos é o consumo de alimentos contaminados pelo agrotóxico, podendo ocorrer também através do contato com o ar, poeira, água e leite materno contaminados. Seus resíduos podem ser mais encontrados em frutas e legumes importados de regiões tropicais, onde o seu uso na agricultura ainda é prevalentemente permitido.

   Apesar de ter deixado de ser utilizado em larga escala a partir da década de 70, a exposição humana ao DDT e ao seu metabólito DDE ainda ocorre hoje em dia, principalmente como consequência da sua elevada persistência biológica. O DDT é facilmente absorvido pelo organismo, sendo distribuído no corpo através da circulação sanguínea e linfática, acumulando-se preferencialmente no tecido adiposo.

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Efeitos do DDT e DDE no sistema reprodutor

   Distúrbios reprodutivos em aves estiveram entre os primeiros e principais impactos adversos ligados à exposição a organoclorados. Acredita-se que o metabólito DDE é o responsável pelo fenômeno conhecido como desbaste da casca do ovo, pois estudos mostram diminuição do cálcio da casca dos ovos postos por aves em que a dieta continha pequenos níveis de DDT. Seu efeito também foi visto  no ambiente aquático, pela  alta taxa de bioacumulação na água, podendo afetar e se proliferar por todos os tipos de ecossistemas e vida selvagem.  

O DDT possui alta estabilidade química e lipofilicidade reduzindo a frequente aplicação e persistindo no meio ambiente. Sua estrutura tem lenta eliminação pelos organismos, gerando bioacumulação e biomagnificação.

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Estrutura química DDT e seus metabólitos DDD e DDE

   Há uma alta precariedade na forma que essas substâncias são usadas em nosso país, além do uso simultâneo de várias classes, mostrando um risco elevado que pode se tornar um problema de grandes consequências para a saúde pública e até para o desenvolvimento populacional em longo prazo.

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Fonte: Contraosagrotoxicos.org

Referências:

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  • Caldas, E. D. É veneno ou é remédio? agrotóxicos, saúde e ambiente. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 339-341, Feb.  2005. 

  • Oliveira, T. et al. Agrotóxicos: levantamento dos mais utilizados no oeste paulista e seus efeitos como desreguladores endócrinos. Periódico Eletrônico Fórum Ambiental da Alta Paulista. 9. 2013.

  • Américo, J. et al.  Desreguladores endócrinos no ambiente e seus efeitos na biota e saúde humana. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente. 22. 2013. 

  • Sena, T. R. R. et al. ADOLEC - Audição de alta frequência em trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos. Ciência & Saúde Coletiva 24.10. 2019.

  • Fonseca, Izabela Fernandes Alves da. Desregulação endócrina tireoidiana por agrotóxicos. Dissertação de Mestrado em Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,2019. 141f.

  • Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos.  Ministério da Saúde. Brasília, v.1 , t. 1, 2019.

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