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Organoestânicos

O Que são Organoestânicos?

  Os organoestanhos fazem parte do grupo de poluentes ambientais que atuam como desreguladores endócrinos. Esses compostos se destacam principalmente na poluição do ambiente aquático, levando à contaminação de oceanos, mares, rios  e represas, podendo afetar muitas espécies de animais aquáticos e mamíferos terrestres (inclusive humanos), devido à bioacumulação que possibilita a transferência desses compostos a diferentes níveis tróficos, chegando aos humanos pela ingestão de água ou peixes contaminados por exemplo.

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Esquema do ciclo dos organoestânicos

Efeitos no Ambiente

  O tributilestanho (TBT), caracterizado pela presença de uma ou mais ligações estanho-carbono, pertence à classe dos organoestanhos. Uma vez disponível no meio ambiente, este composto pode ser degradado em dibutilestanho (DBT) e monobutilestanho (MBT). 

 

   O TBT é o principal componente de tintas anti-incrustantes, utilizadas em cascos de diversos tipos de barcos e navios para evitar que algas, mexilhões e outros tipos de organismos se prendam aos cascos e danifiquem-os por até 5 anos, levando assim ao envenenamento do sistema biológico destes organismos e afetando diversas funções importantes. Um exemplo disto é a síndrome do imposex, resultando no surgimento de características anatômicas sexuais masculinas não funcionais em fêmeas gastrópodes, levando à esterilidade e possibilitando a extinção de espécies.

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Esquema de como os organoestânicos estão presentes no mar

Toxicidade em Humanos

   O TBT é um dos desreguladores endócrinos mais bem descritos, sendo também considerado um composto obesogênico (induzem o ganho de massa corporal) capaz de alterar a sensibilidade de diversos hormônios envolvidos no metabolismo, levando a redução dos níveis séricos dos hormônios tireoidianos T3 e T4 por exemplo, além de aumentar a deposição de lipídios e ácidos graxos em algumas espécies de gastrópodes, promovendo o ganho de peso, efeito este também observado em peixes e mamíferos.

 

   Além disso, alguns estudos mostram que eles afetam a pressão arterial e podem induzir diversas alterações em células vasculares, como a vasodilatação potencializada por estímulo do hormônio estradiol, além de ocasionarem estresse oxidativo e inibir a ação de enzimas.  

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Algumas das toxicidades dos compostos organoestânicos

Mas Como Evitar?

   O uso dos Organoestanhos como biocidas surgiu de um estudo sistemático, conduzido por volta de 1950, pelo Conselho Internacional de Pesquisas sobre Tintas, no Instituto de Química Orgânica em Utrecht, sobre a ação desses compostos em fungos e bactérias, organismos marinhos, vermes parasitas, caramujos aquáticos e insetos.


  No campo tecnológico, compostos organoestânicos são usados como estabilizadores do PVC (cloreto de polivinila) e de outros polímeros vinílicos; em processos de tratamento de água, na preservação de produtos têxteis e de madeira, como catalisadores na produção de espumas poliuretânicas, na produção de silicones, e na polimerização de olefinas. Eles também podem ser encontrados em alguns pesticidas usados em lavouras, interferindo nas condições ambientais.

  Sua absorção ocorre através da pele, inalação e ingestão de água e alimentos contaminados (especialmente peixes e mariscos).

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Esquema da presença dos organoestânicos em locais que podem estar em contato com o homem

Lei Vigente

   Em 2010 foi aprovado pelo senado federal o decreto legislativo n° 31/2010 que objetiva evitar o uso destes componentes em anti-incrustantes, conforme o texto da Convenção Internacional sobre Controle de Sistemas Anti-incrustantes Danosos em Navios, adotada pela Organização Marítima Internacional (Londres, 05/10/2001), refletindo sua preocupação com o desenvolvimento de sistemas eficazes e ambientalmente seguros, porém eles ainda são encontrados em concentrações significativas nos sedimentos. Além disso, mesmo com a proibição do uso de anti-incrustantes, inclusive no Brasil, ainda é possível encontrar tintas produzidas com estes compostos, fazendo com que eles continuem sendo um problema para os seres vivos por serem utilizados de forma ilegal.

Referências:

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  • Godoi, AF Locateli and  Favoreto, R  and Santiago-Silva, M. Contaminação ambiental por compostos organoestânicos. Química nova 26.5 (2003): 708-716.

  • Braga, A. R. C., Castro, Í. B. D., & Rocha-Barreira, C. D. A. (2006). Compostos organoestânicos: Um risco potencial para contaminação do pescado marinho.

  • Barros, A. R., et al. Efeitos do TBT em células vasculares: estado da arte e trabalho futuro. Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos 6.1 (2016): 21-22.

  • Barbieri, A. F., et al. Ação herbicida de compostos organoestânicos sobre sementes de Zea mays L.(milho). (2017).

  • BRASIL. Senado Federal. Projeto de Decreto Legislativo (SF) n° 31. Brasília, DF, 2010. 

  • Castro, Í. Braga, et al. TBT is still a matter of concern in Peru. Chemosphere 205 (2018): 253-259.

  • Berto-Júnior, C., et al. Tributyltin and zebrafish: Swimming in dangerous water. Frontiers in endocrinology 9 (2018): 152.

  • Santos-Silva, A. P., et al. Fronteiras na desregulação endócrina: impactos de organoestanho no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. Endocrinologia molecular e celular 460 (2018): 246-257.

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